Friday, May 15, 2009

Velhos Postais


Deixei grudado na parede
velhos postais, memórias de um tempo
que não volta mais.
Na parede, envelhecida e úmida,
cartas e retratos do meu tempo.

Os papéis amarelados perdidos entre tantos
recortes,já desgastados e sem vida,
não revelam mais nada.
Na foto desbotada, vejo um coração
desenhado e dentro dele dois papéis
de chocolates colados.

Na parede sem cor,
vi retratado um velho amor,
vi também poemas de Drummond,
pedaços de uma canção de Chico
Buarque, uma fita do bomfim e
um bilhete remendado.

E olhando de longe aquela parede,
tão cheia de retalhos,
Tão fria...
Tão distante...
Percebi que uma parte de minha
vida se transformou em velhos postais,
coleção de objetos que não carrego mais.
E de tudo finda apenas a lembrança,
Fica uma saudade de um tempo
que não me pertence mais.

Ana Clea Bezerra de Abreu

Publicado no Recanto das Letras em 11/08/2006
Código do texto: T213900

3 comments:

Cliqueando na Rede said...

Olá,querida,adorei ver meu poema em seu blog.Obrigada.
Bjos
Ana Clea Bezerra

laura ja said...

Mãezinha do céu! Quis retribuir a visita feita ao meu blog e, que surpresa! Quantos postais lindos! As fotos podiam estar maiores, para poder-se ver melhor os detalhes... Gostei muito, muito prazer em conhecê-la!

teresamaremar said...

Fica uma saudade de um tempo
que não me pertence mais
Belas as palavras.
Lembrei um filme que vi há um tempo [não recordo o título], mas, a certo momento, a mulher observa o companheiro de décadas queimando as antigas cartas de amor trocadas entre ambos.
Ele pergunta-lhe... ficas triste por as queimar?Ela responde... não, já não somos esses
Na verdade, quando olhamos para trás, vemos tantos outros eus.
Por vezes, já não lembramos esses que fomos. Porém, somos resultado dessa colagem de momentos e vivências.


Grata pelas visita e palavras ao NasTintasParaAsRegras, embora esse espaço esteja há um tempo suspenso


:) um abraço


Teresamaremar